Todo mundo gosta de preto
Mas nem todo mundo usa preto
Preto é a junção de todas as cores
Preto é a magia
Magia do amor
Quando nós usamos roupas pretas
Usamos porque gostamos
São nossos amuletos
Faz parte na arte
Na arte do ilusionismo
De tentar se enganar consigo mesmo
Imaginar
Naquelas roupas pretas
Cintos
Blusinhas preta com detalhes
Nos meandros da sua própria vontade
De ser ou estar acompanhada
Remete ao delírio de querer ilustar seu próprio medo
De achar que o marrom é preto
Mas nem sempre foi assim
Bebendo sua coca cola gelada
Tomando aquele café
Tomou até o biotônico da vida
Na ressacada, do seu receio
Você se mostrou medrosa
Medrosa para conhecer alguém
Que está aquém daquele quadrilátero perfeito
Sua saia desenhada
Artesanalmente pelo seu dodecaedro
Aquele que sempre esteve de preto
Aquele que quando seu cinzeiro
Todo desengonçado
Se levantou do centro da mesa
Fazendo chorar em ruínas
Fazendo borrar seu lindo batom preto
Tirando de sua lápide
Suas unhas postiças
Que haviam se quebrado
Trincando sua alma
Trocando seu maior erro
O alter ego o substituiu
Desafiou a própria lei da gravidade
Partindo o preto em pedaços desiguais
O emo em seus olhos
Começou a aparecer profundamente
Enquanto chegava naquele mausoléu
Em ruínas
Mas naquela noite
Cecília, estava observando
As paredes daquele mausoléu
Estavam lotadas de caveiras penduradas
Nas paredes e lápides
Mas em certo momento ela não era mais ela que estava por ali
Era a Fernanda, a Gabriela, a Camila
Naquela sombria noite
Ela foi chegando mais perto
Se apaixonando cada vez mais pelas caveiras
Mas ela queria uma luz
Foi ai que ela acendeu seu cigarro
Soltando suas baforadas
Lentamente
A fumaça do seu cigarro começou a ficar escura
E nisso ela ficou mais trevosa
Após ela terminar de fumar
Apagou seu cigarro com seu coturno
Contudo, as paredes começaram a se mover
E ela estava acreditando naquilo que ela mais amava
Foi ai, que as caveiras a puxaram com força
Possuindo toda sua gratidão
Caindo uma lama de sangue no chão
Sendo possuída pelo além da sua própria imaginação
E por fim, a noite estava virando dia,
O corvo era o guardião dos seus mais mortais
Pensamentos
Do seu amor pelo próprio medo
De encontrar o amor pelas caveiras
Tendo o corvo como guardião
Das suas faces nebulosas
Daquela noite que ela sempre sonhou em estar
O dia clareou e a parede sucumbiu as caveiras
Tornando apenas uma parede com flores .